Temos estado dedicados, nesses ultimos anos, a pesquisa a família
Marcondes, fundada em Pindamonhangaba a 15 de outubro de 1741, quando ai
se casaram na Matriz da Nossa Senhora do Bom Sucesso, a pindamonhangabense
Maria Madalena Cardoso, e o Açoriano Antonio Marcondes do Amaral,
da freguezia de Achadinha na ilha de São Miguel, no Arquipélago
dos Açores, o qual, ficando viúvo convolaria, vinte oito
anos mais tarde, novas núpcias na Igreja de Aparecida com Ana Joaquina
de Sá de família guaratinguetaense.
O fundador da família Marcondes, segundo apurou o Barão Homem
de Melo, naufragara em 1738 nas costas do Rio Grande do Sul, tendo sido
salvos tripulantes e carga do barco que ele comandava, a sumaca S. Boaventura.
Era Antonio filho de Dionisio Marcone, cirurgião venesiano (que
alteraria seu nome para Dionisio Marcondes) e Maria Vieira, esta natural
da aludida freguezia de Achadinha. As bodas do casal ocorera na igreja
de Nossa Senhora do Rosário a 10 de Abril de 1709. O sobrenome Amaral,
adotado por Antonio, deveria ser, como aventa o estudioso João Lang
Pinto, uma homenagem a Felipe do Amaral e Vasconcelos, padrinho do casamento
dos pais e, pois, amigo íntimo da família. A suposição
é legítima, pois se tratava - a adoção de apelidos
- de uma prática muito comum nessa época.
O antigo comandante da sumaca São Boaventura estabeleceu-se na Vila
Real de Pindamonhangaba e ai exerceu atividades agrárias e comerciais
além de manter tropas de bestas mansas (como então se denominava)
para transportes ao porto de Parati e outros pontos, tendo apartir de certo
momento, o filho Cap. Mor Ignácio Marcondes do Amaral como seu sócio.
Com passar dos tempos Antonio se tornou uma das pessoas mais proeminentes
da Vila . A 16 de Março, o Conselho Municipal o escolheu para ocupar
o posto de Capitão da Ordenanças, tendo cabido, nesta qualidade,
realizar o censo nos baiross de Mato Dentro e Borba, e xistindo no Arquivo
do Estado as listas assinadas por ele.
Ao falecer, em 17 de Maio de 1786, com 76 anos de idade, deixou uma grande
fortuna. Ataíde Marcondes que o biografa em seu valiosissimo "Pindamonhangaba
atraves de dois e meio séculos"(de que nos valemos fartamente para
fazer este trabalho) considera-o, certamente com entusiasmado exagero,
um dos homens mais ricos de seu tempo. Mas a grande herança de Antonio
Marcondes, como era abreviadamente tratado, fois sua descendência,
que hoje anda pela casa das dezenas e dezenas de milhares de pessoas, as
quais, pela vinculação com outras famílias, assinam
agora os mais diversos sobrenomes.
"Os Marcondes - diz o ilustre historiador Waldomiro Benedito de Abreu,
escrevendo na Tribuna de Norte em 2/10/1974 - fizeram a grandeza de Pindamonhangaba
ao tempo do Império, concorreram largamente para a criação
da chamada civilização do café e se destacaram em
multiplos setores de atividade materia e de pensamento do Brasil".
Anunciando o Instituto Genealógico Brasileiro um projeto de levantar
a descendência dos titulares do Imperio, ocorreu-nos a idéia
de extrair de nossas notas sobre os Marcondes os dados relacionados com
os titulares a eles ligados, publicando-os para conhecimento dos interessados,
os seus descendentes.
São eles os seguintes: Barão Homem de Melo, Itapeva, Lessa,
Pindamonhangaba, Romeiro, e Sapucaia; baronesas de Jequetimonha, Mossoró,
Palmeira, Paraibuna e Saboia.
Nas suscintas biografias da maioria dos titulares estudados, baseadas quase
sempre no valioso livro de Ataide Marcondes (que quanto mais lemos mais
somos inclinados a pensar que Pindamonhangaba lhe deveria erguer uma estatua!)
há muitas semelhança de situações e atitudes.
É claro que isso teria que acontecer. São pessoas da mesma
categoria social, inseridas no mesmo contexto histórico, vivendo
os mesmos problemas e assistindo o mesmo panorama humano e econômico.
Era, portanto, natural que reagissem dentro de um mesmo padrão.
Os levantamentos que se seguem poderão conter erros e omisões,
sempre lamentáveis. Pedindo excusas por essas falhas, rogamos a
todos que a localizem a amabilidade de nô-las comunicarem para serem
sanadas na publicação da obra sobre os Marcondes.
Lamentamos a simplicidade da publicação, registramos nosso
antecipado prazer de ceder os direitos autorais para quem deseje fazer
edição mais aprimorada.
São Paulo, Janeiro de 1978
Jõao Ribeiro Marcondes Machado
( texto tirado do livro "Os titulares do Império ligados a família
Marcondes)
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