" A figura ímpar do valorozo soldado que foi JÚLIO MARCONDES
SALGADO faz projetar no tempo e no espaço uma lembrança
que avulta e se agiganta, e que ultrapassa não só o modesto
círculo da nossa Força Pública, mas o própios limites
do glorioso Estado de São Paulo, atingindo os longíncuos
rincões e nossa Pátria e entra decisivamente na História
do Brasil, como um vulto épico, exemplo de civismo, de dedicação,
de altruísmo e de acendrado amor à terra que lhe serviu de
berço. Sacrificou-se êle em holocausto ao supremo ideal de
vida ,à constitucionalização de nossa Pátria
e fêz sua essa causa gloriosa que era a de todos brasileiros, amantes
da ordem, da lei, da liberdade". Assim se expressa o Cap. Benicto Serpa,
ao descrever a "Vida Militar e Epopéia de 1932".
Júlio Marcondes Salgado, foi em vida, uns do mais brilhantes soldados
de quantos passaram pela gloriosa Força Pública do Estado,
cuja carreira assombra pela forma épica com que foi galgada, desde
o primeiro degrau hierárquico ao ápice do Generalato, para culminar
em Patrôno, numa homenagem postuma, ao tombar gloriosamente no cumprimento
do dever como jequitibá gigantesco tomba na floresta.
Nasceu a 1 de julho de 1890, na cidade paulista de Pindamonhangaba, Filho
do Sr Vitoriano Clementino e de Da.Ana Eufrosina Marcondes, cuja estirpe
provinha de uma nobreza digna, como o foram os seus ancestrais: O Barão
de Pindamonhangaba, o Barão Homem de Mello, o Visconde de Itapeva.
Aos vinte anos de idade, a 26 de Junho de 1907, alistava-se, como simples
ssoldado, no Corpo de Cavalaria da Fôrça Pública, iniciando
assim o galgar, gradativo e brilhante, de sua carreira que iria perpetuar
seu nome nos píncaros da glória. Recebe sua primeira divisa
de anspeçada em 1 de agôsto de 1908, sendo promovido a cabo 11 meses
após, vindo a alcançar o pôsto de 2. sargento em 19
de maio de 1911, ano em que consorcia-se com D. Ofélia Acriteli,
cujo consórcio lhe proporciona dois filhos: Waldemar e Jandira. Dedicado
aos estudos, abre-se-lhe a Escola de Oficiais, e em junho de 1914 vemo-lo
ingressar no 2. ano do Curso Especial Militar, diplomando-se oficial a
27 de fevereiro de 1915, para a 1. de Maio dêsse mesmo ano
obter o pôsto de alferes. Promovido, por estudos, em 24 de janeiro
de 1918, ao pôsto de 1. tenente, veio a exercer, além de outras
já exercidas, as funções de Membro da Comissão
Examinadora dos Candidatos à matrícula no Curso Especial
e Delegado de Polícia na Comarca de Orlândia. Em 1922, é
agraciado com a "Cruz de Cavaleiro da Ordem de Leopoldo II", concedido
por S.M. o Rei da Bélgica. É promovido ao pôsto de
Capitão, por merecimento, em 20 de março de 1924, ano em que
toma parte nos sucessos da revolução, lutando ao a lado
da legalidade, obtendo do Govêrno do Estado,quando então já
se achava esclarecida, e seguinte elogio: "Louvo o Capitão JÚLIO
MARCONDES SALGADO, pelo modo com que se portou na rebelião de 5
de julho, conservando-se fiel ao Governo, defendendo esta Capital,
as constituições, do Estado da Republica, com inexcedível
bravura e patriotismo".
A 6 de novembro de 1924, conquistava os galões de Major, pela sua
brilhante defêsa do Govêrno Legal, ano que obtém, pelo decreto 3.726, a Medalha de Ouro da Legalidade. Em maio de 1927 obtem a Medalha de Mérito Militar, em bronze. A 4 de Junho do mesmo ano, é promovido a Tenente-Coronel, indo para o comando do Regimento de Cavalaria.
Em janeiro de 1930, recebe a Medalha de Cultura Física.
Com a revolução de 1930, é retirado do comando, mas
entregam-lhe ante suas qualidades, a Chefia do Centro de Instrução
Militar.
Com o deflagar da Revolução Constitucionalista de 1932, o
Tenente-Coronel Júlio Marcondes Salgado é feito comandante
das forças revolucionárias da Força Pública,
ocasião em que é elevado ao pôsto de Coronel, e em
que, também, procurando dar seus esforços à nobre
causa dos paulistas, tomba ferido de morte na explosão de uma nova
arma que seria empregada no combate às forças da ditadura
que usurpara o poder, privando a liberdade do povo brasileiro.
Faleceu, herói, a 23 de Julho de 1932, data em que o Govêrno
Constitucional se São Paulo promove-o ao pôsto de General,
pelo decreto 5.602, na derradeira homenagem que se lhe podeia prestar.
Carreira tão brilhante, cujas provas de bravura e capacidade envolveram o ínclíto soldado, elevou ainda o GENERAL JÚLIO MARCONDES SALGADO a Patrono da Força Pública, da qual foi êle um dos seus mais destacados servidores.
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